sábado

Oração pelas crianças



    Oramos pelas crianças
que furtam picolés antes do jantar
que furam com borracha o caderno de
matemática, que fazem birra no supermercado
e pirraça com a comida, que gostam de história
de fantasmas, que nunca conseguem achar seus sapatos.
    E oramos por aquelas
que olham os fotógrafos por traz do arame
farpado, que não podem correr pelas ruas com
tênis novos, que nascem em lugares onde nem mortos entraríamos, que nunca vão ao circo,
que vivem num mundo promiscuo e violento.
    oramos pelas crianças
que dormem com o cachorro e escondem  o peixinho dourado, que nos dão beijos lambuzados e punhados
de dentes de leão, que são visitadas pelo ratinhos do dente, que nos abraçam com pressa  e esquecem
esquecem o dinheiro do lanche.
    E oramos por aquelas
que nunca tem sobremesa, que não tem cobertor
que possam arrastar, que vêem seus pais morrer,
que não encontram pão para roubar, que não tem
quarto para limpar, cujas fotografias não estão
na penteadeira de ninguém, cujos monstros são reais.
    Oramos pelas crianças
que gastam toda sua mesada antes da terça-feira,
que jogam a roupa suja embaixo da cama e nunca
dão descarga, que não gostam de ser beijadas na
frente de quem dá carona, que se agitam na igreja
ou no templo e gritam no telefone, cujas lágrimas as vezes nos fazem rir e cujos sorrisos podem nos levar ao choro.
    Oramos por aquelas
cujos pesadelos acontecem de dia, que não comerão
nada,que nunca viram um dentista, que não são acariciada por ninguém, que vão párea cama com fome
 e choram ate dormir, que vivem e se movimentam, mas
não tem ser.
    Oramos pelas crianças que querem ser carregadas,  e por aquelas que precisam sê-lo, por
aquelas que  nunca abandonamos e por aquelas que
não tem uma segunda oportunidade, por aquelas que asfixiamos... e por aquelas pegam a mão de quem for
bom para oferece-la.
 


    Extraído do CONVERSANDO AGENTE SE ENTENDE, de Margaret J. Wheatlely, Editora Cultrix. 



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