terça-feira

O menino que soltava fogos

    Em uma situação normal do dia a dia, eu e minha mâe,nos estávamos na linda cidade de Itabuna na bahia,
eu a acompanhava para uma avaliação mdica geral, e em uma das muitas clínicas excelentes que la existe, eu me encontrava sentado a espera da minha mãe que estava no consultorio médico e é claro eu e minha inquietação, impaciente pela espera. Assim como qualquer outro  eu varrir a clínica de canto a canto quando notei um jornal, e nele uma história curiosa me chamou a atenção, aliáz aquele chamaria a atenção de muitos;
é que no meu caso quase tudo me chama a atenção, bem, fugindo dos rodeios a historia é parte de uma reportagem de um jornalista local, e conta o seguinte:

 No best-Seler "O caçador de pipas" o pequeno Almir menino rico, vive, ao lado do amigo pobre Hassan (que na verdade é seu irmão),as aventuras de um Afeganistão que de um paiz próspero e rico se transforma num lugar miserável, consequência de uma guerra tribal que primeiro jogou a nação nas mãos de déspotas comunistas e depois nos braços de Talibãs ultra-radicais e lunáticos dos pés ao turbante.
      Almir e hassan tem como principal atividade de lazer soltar pipas e depois caçá-las quando são abatidas em competições que mobilizam a comunidade e dão o vencedor o status de craque do futebol.
     Com a guerra, o Afeganistão e as pipas são abatidos pelo terror. Hassan é assassinado e almir imigra para os Estados Unidos.
     Nunca vai encontrar a paz interior, porque o Afeganistão da infância perdida e a perda de Hassan corroem-lhe a alma como uma chama que não se paga.
     No romance da vida real, a favela do bode, lugarejo de nome quase obsceno na abandonada periferia de Itabuna, onde a riqueza, o conforto  e o acesso aos cerviços públicos são quase uma abstração, meninos não soltam pipas, inocente brincadeiras planetária, nem jogam futebol.
   Ali, trava-se outro tipo de guerra, sem as contradições do comunismo que vira repressão e sem fundamentalismo amalucado.
     Trava-se, isso sim, a guerra em que a força motriz é o tráfico e em que os traficantes,  na quase total ausência do poder público, impõe a lei e a ordem, o que na prática implica impor o terror e o medo.
     Uma guerra onde um Almir, que por aqui pode se chamar João, Odair, Pedro ou Paulo, é arrancado das pipas ou do futebol num campinho improvisado de terra batida,para ser engajado, meio a força, meio por falta de opções como soldadinho do tráfico.
     É o caso de um menor, abordado no ultimo domingo por policiais militares que passavam pelas proximidades da favela do bode, que tem o pomposo e ignorado nome de Jardim Grapiuna.
     Era um menino de 10 anos de idade, que soltava fogos como se comemorasse o gol de seu time de coração, ou homenageasse tardiamente os Santos Juninos.
     Nada disso: O que o garoto fazia, numa prática comum, era alertar os traficantes para a presença dos policiais na área, provocando temporariamente a suspensão do funcionamento do lucrativo negócio.
     Função sulbalterna, primeiro degrau na escada do tráfico, onde chegar vivo aos 20 anos de idade  é quase um milagre.
     Crianças e jovens descartáveis, vítimas potenciais dessa guerra urbana, disponíveis em abundancia no oceano de exclusão social em que estamos mergulhados.
     10 anos de idade.
     Uma criança.
     Nem caçador de pipas, nem jogador de futebol, provavelmente nem estudante.
     Soltador de fogos a serviço do tráfico.

     O futuro?
     Uma cela fétida e superlotada na cadeia ou uma cova rasa e mulambenta nas bordas de um cemitério qualquer.
     O que nós temos a ver com isso?
     Tudo.
   
    
    



 

Um comentário:

Anônimo disse...

sou itabunense e fiquei fascinado com o angulo deste jornalista,a respeito da do abandono das forças publicas a este municipio,da participação da criança no tráfico. Gostei tambem da sua lamentação para com a situação.e quanto ao dono do blog, boa foi muit legal vc terfeito esta postagem.